As flores da hipocrisia

Dia 8 de março,  comemora-se em vários países do mundo o dia internacional da mulher. A data tem o reconhecimento da ONU e é usada para chamar a atenção das autoridades sobre a situação das mulheres ao redor do mundo. Em muitas culturas espalhadas por vários continentes as mulheres continuam sofrendo maus tratos e são vitimas de todo tipo de violência.

No Brasil, apesar de ser  crime e uma violação aos direitos humanos, a violência contra as mulheres continua  vitimando brasileiras reiteradamente. Os dados disponíveis nos centros de atendimento às mulheres vítimas de violência são alarmantes. Só nos primeiros dez meses de 2015 forma denunciados 63.090 casos ,incluindo violência fisica, violência psicológica, violência moral, violência patrimonial, carcere privado e violência sexual. Ainda segundo dados do ligue 180, 77,83% das vitimas possuem filhos(as) e 80,42 desses filhos(as) presenciaram as agressões.

A violência contra as mulheres permeia por todas as classes sociais e, na maioria dos casos os algozes são cônjuge, namorados ou amantes, ex-cônjuges, companheiros ou ex companheiros, ou seja, os covardes agressores são os mesmos que tiveram relações afetivas com suas vitimas.

O fato que tem chamado a atenção dos órgãos de defesa das mulheres é o aumento da violência contra a mulher negra. Além dos problemas enfrentados com a discriminação racial, social e econômicos o número de mulheres negras assassinadas aumentou em 54% nos últimos dez anos, segundo dados da ONU. Uma verdadeira tragédia!

Apesar dos avanços, muita coisa ainda precisa ser feita. Claro que não é uma coisa simples, pois a cultura machista entranhada na sociedade brasileira é algo difícil  de ser mudado. Discutir a questão de gênero nas escolas é imprescindível para ajudar no combate ao preconceito e a violência contra as mulheres. Educar as futuras gerações para viver numa sociedade plural, livre do ódio, do racismo, da violência é a tarefa que se coloca no momento.

A Lei Maria da Penha, conhecida por boa parte da população brasileira, tem contribuído muito no combate a violência contra as mulheres, o número de denuncia de agressões tem aumentado e, muitos agressores foram punidos graças a aplicação dessa lei,mais, infelizmente ainda muitas mulheres têm sido assassinadas só pelo fato de serem mulheres.

Mudar esse tipo de situação é uma tarefa que exige a mobilização da sociedade. É necessário uma conjugação de esforços envolvendo autoridades, políticos, entidades da sociedade civil organizada, entidades ligadas à defesa dos direitos humanos, órgãos governamentais etc. Dos políticos detentores do poder, o que se espera é  que estes se debrucem sobre o tema e apresentem propostas objetivas que efetivamente mudem o atual quadro de violência contra as mulheres e que neste Dia Internacional da Mulher - seja para todos nós homens e mulheres, um dia de profunda reflexão.

Devemos denunciar, devemos sim, ser intolerantes com a violência contra as mulheres, mudar a cultura machista e misógina é uma tarefa de todos. Que as flores que as mulheres vão receber pelo seu dia não sejam as flores da hipocrisia mas, que simbolizem a esperança e a nossa vontade de mudar.

Ivam Galvão
E-mail: ivamgalvaopoa@gmail.com

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