Brasil: um país acolhedor

Antes da invasão portuguesa habitavam as terras brasileiras os povos indígenas. Contavam aproximadamente cinco milhões de seres humanos cuja a maioria foi dizimada pelo homem branco invasor.

A partir do ano de 1550 começam a ser trazidos para o Brasil os primeiros seres humanos que aqui seriam escravizados pela elite branca e cristã.

Para escapar das atrocidades e do tratamento  cruel dispensados aos cativos, boa parte fugiam para as matas e se organizavam em quilombos, fenômeno que se repetiu em todas as regiões do Brasil.

Dentre os quilombos o que ficou mais conhecido foi o Quilombo dos Palmares, que durou mais de cem anos e, que depois de várias tentativas de destruição finalmente foi vencido e seu líder Zumbi foi barbaramente assassinado por homens do Bandeirante paulista Domingos Jorge Velho em novembro de 1695, na serra da Barriga, atual Estado de Alagoas.

Logo no incio do período pós-abolição, o governo brasileiro  autoriza a vinda de povos europeus, na maioria italianos e alemães, que fugiam de um continente devastado pelas guerras, doenças, fome e miséria para substituir a mão de obra escrava. Ao contrário do que aconteceu com os negros, aos imigrantes europeus foram oferecidos alguns privilégios. Pois o objetivo oculto da vinda destes povos era dar inicio ao processo de branqueamento da população,diminuindo o número de negros.

Depois de vários séculos, índios e negros quilombolas ainda lutam para garantir o direito à terra. É uma luta injusta, desigual, quase quixotesca. Com dificuldades de organização, esses dois seguimentos enfrentam grupos poderosos organizados na sociedade civil e nos três poderes da República. Em vários municípios brasileiros, policiais civis e militares, juízes, e autoridades do governo federal trabalham para impedir ou dificultar a demarcação das terras pertencentes aos índios e quilombolas.

Na Câmara dos Deputados e no Senado Federal existe o grupo de parlamentares ruralistas. Na Câmara o grupo é denominado como “a bancada do boi”. Este grupo atua articulado com as bancadas da “bala”, formada por policiais civis e militares, e da “Bíblia”, composta por pastores evangélicos e católicos conservadores de viés fundamentalista.

Um dos principais representantes do grupo de brucutus, o deputado gaúcho Luis Carlos Heinze (PP-RS) atua de forma  truculenta. Produtor rural no Rio Grande do Sul, o deputado é membro da comissão especial que discute a PEC 215, que muda as regras para a demarcação de terras indígenas e de quilombos no país. A tarefa hoje que é do poder Executivo passaria a ser do poder Legislativo. Como no Congresso não há nem índio e nem quilombola não é dificil concluir o que aconteceria com as terras desses dois seguimentos, caso a PEC seja aprovada.

Suspeito de envolvimento no escândalo do petrolão, o deputado Luís Carlos Heinze é assumidamente racista e preconceituoso. Em 2013 em uma entrevista num jornal ele definiu “índios, quilombolas, gays e lésbicas” como “ tudo o que não presta”. A considerar pela votação do deputado, pelo visto lá no Rio Grande do Sul tem muita gente que concorda com ele.

O Brasil é um país acolhedor, aqui vive povos e pessoas de várias partes do mundo, todo cidadão brasileiro independentemente de sua cor de pele ou de opção sexual merece ser respeitado. Os índios e quilombolas há séculos lutam em defesa de suas terras, e buscam viver em paz e com dignidade. Gays e lésbicas lutam para ter seus direitos reconhecidos, pois pertencem ao grupo mais vulnerável à violência  e ao crime de ódio.

Infelizmente o parlamento brasileiro se revela um covil de retrógrados, com parlamentares de baixíssimo nível, com grande grau de envolvimento em corrupção, onde muitos de seus membros trabalham como verdadeiros despachantes dos vários setores econômicos. Alguns se valem da condição de parlamentar para espalhar o ódio e o preconceito na sociedade. Como no caso do deputado Luís Carlos Heinze e outros. O deputado, que é descendente de alemães, povo honesto e trabalhador, que hoje somam mais de cinco milhões de descendentes espalhados por todo o país, chegou aqui bem depois dos índios e quilombolas, dos quais hoje ameça tomar as terras. Pois é, pegou o bonde andando,quer sentar na janela e ainda dar tchauzinho !

Autor: Ivam Galvão
E-mail: ivamgalvaopoa@gmail.com.br

Comentários

  1. Em se tratando de política, tudo é possível infelizmente. Revoltante !

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